GOMES, Elias Evangelista. Cada vez mais educação política no brasil: Um estudo sobre o marketing e os consultores de campanhas
eleitorais. Tese de doutorado. Faculdade de Educação – USP, 2015.
Resumo: Esta
pesquisa tem como objetivo identificar, descrever e examinar alguns aspectos da
educação política no Brasil, mais especificamente, as representações que
os profissionais consultores de marketing político, também conhecidos
como marqueteiros, elaboram acerca das culturas e das simbologias
nacionais. O propósito é analisar as leituras que fazem acerca do Brasil e as
estratégias de mídia por eles utilizadas para representar o país e seu povo.
Dentro dos interesses da sociologia da educação, projeta-se compreender
parcialmente os mecanismos de socialização e formação da cultura no
contexto contemporâneo, bem como a forma por meio da qual tais profissionais
constroem, no seio da política, modos de ser, pensar e agir. Entende-se que
esses consultores podem ser definidos como agentes que ocupam um lugar
privilegiado na democracia nacional e que buscam influir sobre as percepções
culturais que se têm não apenas em relação à política, mas também no que
concerne à nação. Parte-se, portanto, da hipótese de que esses
profissionais atuam como administradores de uma informação acumulada, por
meio de uma ação educacional e socializadora difusa da população no tocante
às disposições de habitus em sua dimensão política. Trata-se de
uma etnografia multissituada, de caráter exploratório, inovador e inédito,
por investigar os consultores no contexto da produção de uma campanha e a
partir de suas reflexões sobre as mídias que produzem a respeito do Brasil e
da população. Vale ressaltar que há poucos estudos etnográficos e nenhum
estudo sobre o marketing político na área de educação. Por esse motivo,
espera-se que a presente pesquisa possa contribuir para um maior e melhor
entendimento sobre a construção social da realidade nos dias atuais e sobre
as formas de sintetizar a cultura e suas possíveis influências nos modos de
ser, classificar, julgar e agir da população. Por último, espera-se
contribuir para a ampliação do escopo investigativo da sociologia da
educação no que tange aos processos educacionais difusos, especialmente
aqueles que influem diretamente sobre o futuro do país e que não estão
restritos à escola.
GOMES, Elias Evangelista. Ensaios etnográficos sobre a
socialização da juventude para a sexualidade e a fé : ´´vem, você vai
gostar!´´. Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação – USP, 2010.
Resumo: Esta dissertação é resultado de um estudo socioantropológico que
teve como objetivo identificar e analisar as práticas de socialização juvenil
contemporâneas entre os evangélicos. Pretendeu-se compreender o contexto e os
modos como as experiências sociais da juventude são constituídas, bem como os modos
de adesão, resistência, preservação, inovação e dissidência. A pesquisa foi
realizada, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,
na Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra Rua Augusta, em São Paulo SP, uma
denominação do alto neopentecostalismo brasileiro. A partir de um trabalho de
campo etnográfico de dois anos, realizado junto à igreja e aos seus jovens, foi
possível analisar as estratégias e as tensões existentes em torno da
socialização para a sexualidade e a fé. Descrevem-se e analisam-se: a) os
afetos, as familiaridades e os estranhamentos no encontro etnográfico entre
jovem pesquisador e jovens pesquisados; b) as práticas de lazer e de liturgia
da igreja (cultos e baladas), por meio dos conceitos de festa, cosmopolitismo e
hibridação; c) o lugar do jovem na interação social e no discurso da igreja,
sob um modelo organizacional denominado de Visão G12; d) a construção social do
gosto afetivo-sexual, uma categoria nativa interpelada teoricamente, bem como
do exercício do sexo, a partir do consumo de mídia pornográfica entre os
jovens; e) as trocas simbólicas e o circuito de dádivas em torno da
socialização para a sexualidade. Para compreender a socialização, inspirou-se
nos conceitos de configuração de Norbert Elias, habitus de Pierre Bourdieu,
experiência e programa institucional de François Dubet, disposições híbridas de
habitus e socialização como fenômeno social total de Maria da Graça Jacintho
Setton. No tocante à etnografia, à juventude, aos evangélicos e à sexualidade,
utilizou-se um amplo referencial teórico socioantropológico clássico e
contemporâneo. Observou-se abalos sísmicos no processo de socialização juvenil
na igreja evangélica, resultantes de adesões e de dissidências de gostos
afetivo-sexuais de mesmo sexo e de sexo oposto em relação ao agendamento da
sexualidade proposto pela igreja. As adesões e as transgressões são, portanto,
resultado da configuração e do encontro antropológico entre diferentes
instâncias e sujeitos da socialização, o que resulta em um caleidoscópio de
sujeitos e de práticas culturais no interior da igreja, bem como na
reconfiguração dos mecanismos de controle dócil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário