quinta-feira, 17 de maio de 2018

Pesquisas - Elias Evangelista Gomes


GOMES, Elias Evangelista. Cada vez mais educação política no brasil: Um estudo sobre o marketing e os consultores de campanhas eleitorais. Tese de doutorado. Faculdade de Educação – USP, 2015.

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo identificar, descrever e examinar alguns aspectos da educação política no Brasil, mais especificamente, as representações que os profissionais consultores de marketing político, também conhecidos como marqueteiros, elaboram acerca das culturas e das simbologias nacionais. O propósito é analisar as leituras que fazem acerca do Brasil e as estratégias de mídia por eles utilizadas para representar o país e seu povo. Dentro dos interesses da sociologia da educação, projeta-se compreender parcialmente os mecanismos de socialização e formação da cultura no contexto contemporâneo, bem como a forma por meio da qual tais profissionais constroem, no seio da política, modos de ser, pensar e agir. Entende-se que esses consultores podem ser definidos como agentes que ocupam um lugar privilegiado na democracia nacional e que buscam influir sobre as percepções culturais que se têm não apenas em relação à política, mas também no que concerne à nação. Parte-se, portanto, da hipótese de que esses profissionais atuam como administradores de uma informação acumulada, por meio de uma ação educacional e socializadora difusa da população no tocante às disposições de habitus em sua dimensão política. Trata-se de uma etnografia multissituada, de caráter exploratório, inovador e inédito, por investigar os consultores no contexto da produção de uma campanha e a partir de suas reflexões sobre as mídias que produzem a respeito do Brasil e da população. Vale ressaltar que há poucos estudos etnográficos e nenhum estudo sobre o marketing político na área de educação. Por esse motivo, espera-se que a presente pesquisa possa contribuir para um maior e melhor entendimento sobre a construção social da realidade nos dias atuais e sobre as formas de sintetizar a cultura e suas possíveis influências nos modos de ser, classificar, julgar e agir da população. Por último, espera-se contribuir para a ampliação do escopo investigativo da sociologia da educação no que tange aos processos educacionais difusos, especialmente aqueles que influem diretamente sobre o futuro do país e que não estão restritos à escola.

GOMES, Elias Evangelista. Ensaios etnográficos sobre a socialização da juventude para a sexualidade e a fé : ´´vem, você vai gostar!´´. Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação – USP, 2010.
Resumo: Esta dissertação é resultado de um estudo socioantropológico que teve como objetivo identificar e analisar as práticas de socialização juvenil contemporâneas entre os evangélicos. Pretendeu-se compreender o contexto e os modos como as experiências sociais da juventude são constituídas, bem como os modos de adesão, resistência, preservação, inovação e dissidência. A pesquisa foi realizada, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, na Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra Rua Augusta, em São Paulo SP, uma denominação do alto neopentecostalismo brasileiro. A partir de um trabalho de campo etnográfico de dois anos, realizado junto à igreja e aos seus jovens, foi possível analisar as estratégias e as tensões existentes em torno da socialização para a sexualidade e a fé. Descrevem-se e analisam-se: a) os afetos, as familiaridades e os estranhamentos no encontro etnográfico entre jovem pesquisador e jovens pesquisados; b) as práticas de lazer e de liturgia da igreja (cultos e baladas), por meio dos conceitos de festa, cosmopolitismo e hibridação; c) o lugar do jovem na interação social e no discurso da igreja, sob um modelo organizacional denominado de Visão G12; d) a construção social do gosto afetivo-sexual, uma categoria nativa interpelada teoricamente, bem como do exercício do sexo, a partir do consumo de mídia pornográfica entre os jovens; e) as trocas simbólicas e o circuito de dádivas em torno da socialização para a sexualidade. Para compreender a socialização, inspirou-se nos conceitos de configuração de Norbert Elias, habitus de Pierre Bourdieu, experiência e programa institucional de François Dubet, disposições híbridas de habitus e socialização como fenômeno social total de Maria da Graça Jacintho Setton. No tocante à etnografia, à juventude, aos evangélicos e à sexualidade, utilizou-se um amplo referencial teórico socioantropológico clássico e contemporâneo. Observou-se abalos sísmicos no processo de socialização juvenil na igreja evangélica, resultantes de adesões e de dissidências de gostos afetivo-sexuais de mesmo sexo e de sexo oposto em relação ao agendamento da sexualidade proposto pela igreja. As adesões e as transgressões são, portanto, resultado da configuração e do encontro antropológico entre diferentes instâncias e sujeitos da socialização, o que resulta em um caleidoscópio de sujeitos e de práticas culturais no interior da igreja, bem como na reconfiguração dos mecanismos de controle dócil.


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