sexta-feira, 26 de junho de 2009

Carta aberta do CAPPF aos docentes da Faculdade de Educação da USP

Prezados/as alunos/as,

Confiram abaixo a Carta aberta aos docentes da Faculdade de Educação da USP, enviada pelo CAPPF.
Apoiamos a iniciativa do CA e aproveitamos para informar a todos/as que, antes da greve, fizemos um debate em sala. Depois que aderimos à paralisação, aproveitamos que tínhamos este canal pela rede (nosso blog) e a nossa troca de e-mails para manter todos/as vocês informados/as sobre o que estava ocorrendo na mobilização.
Acompanhamos as movimentações para definir as nossas atividades de curso, fizemos uma das atividades (sobre EAD) como atividades de greve e suspendemos aulas e prazos em função das paralisações.
Mantivemos apenas o prazo da prova final, mas avaliamos que isso seria possível pelo fato de não de tratar de uma prova convencional, mas de uma questão a ser respondida sobre o curso, que independe inclusive do andamento das outras aulas, pois diz respeito a todo processo e não aos conteúdos especificamente.

Segue a carta abaixo.
Se quiserem, fiquem à vontade para divulgar.


Caros(as) professores(as),


Decidimos procurá-los através desta carta para polemizar a conduta que
alguns docentes vêm assumindo em relação à greve desde 5 de junho de 2009;
data da decisão coletiva da assembleia geral dos docentes.


Pensamos que tal adesão não deveria se limitar à ausência física das salas
de aula, pois o movimento não se restringe às pautas de reivindicação e às
palavras de ordem, mas demanda envolvimento e dedicação no sentido de um
aprofundamento dos debates. Buscamos resgatar o sentido público e
democrático da universidade, além de compreender o significado da política
autoritária implementada pela burocracia acadêmica e atual reitora. Assim,
para nós, estar em greve significa o mesmo que estar em trabalho formativo,
o qual se concretiza com as diversas atividades, discussões, deliberações,
tarefas, e com a reflexão necessária nos fóruns coletivos.


Partindo deste pressuposto, consideramos desmobilizador e incoerente que
alguns professores se declarem em estado de greve, ausentem-se da sala de
aula e, ao mesmo tempo, exijam dos alunos a entrega de trabalhos (finais ou
extras, como forma de "reposição" virtual de aulas, no segundo caso), em
prazos estabelecidos à revelia do movimento. Desmobilizador, porque toma dos
estudantes tempo e energia necessários ao envolvimento politizado com a
greve, nos forçando a optar entre o movimento ou a realização de tais
trabalhos; incoerente, pois a entrega dos mesmos pressupõe dedicação, do
professor e do aluno, e trabalho em atividades estranhas à greve,
compatíveis com a rotina normal. Vale salientar também que a qualidade na
produção destes fica comprometida, pois não é possível ampliar a consulta de
fontes na biblioteca, que está em greve, além de o acesso a meios virtuais
contemplar apenas os estudantes que possuem computador em detrimento aos que
precisam usar o serviço da sala pró-aluno. Que fique claro que apoiamos a
greve dos funcionários mesmo que nos impeça de utilizar esses serviços. Tal
impedimento pode gerar nos alunos dois possíveis movimentos extremamente
distintos: de indignação para com os funcionários, que acaba assumindo um
caráter egoísta, ou de indignação para com a reitoria da universidade que
não atende as demandas trabalhistas.


Destacamos também nossa discordância no tocante à situação de alguns
professores que não aderem as deliberações da própria categoria, e acima de
tudo e de todos impõem aos alunos uma concepção individual e excludente em
suas deliberações, concepção esta que deslegitima as instâncias democráticas
de expressão e organização coletivas, e por isso é destoante do que
concebemos como formação pedagógica. Há professores que simplesmente
encerraram o curso e não propuseram uma indicação de reposição de aulas,
conteúdos e métodos de avaliação pós-greve, como se não fosse importante
essa prática normal em situação de paralisação das aulas.


Alguns professores alegam ser democráticos em seu procedimento, porque este
teria sido "decidido coletivamente", na instância da sala de aula. Pensamos
que, malgrado a prática da decisão coletiva na sala seja, em outros
momentos, louvável sob o ponto de vista pedagógico, e embora seja muito
interessante que professores discutam o movimento e suas motivações junto a
seus alunos, tais discussões devem estar pautadas nas decisões tomadas,
democraticamente, nas assembleias de cada categoria, para não cairmos no
erro de deslegitimar os espaços coletivos de decisão, prática essa
importante para a formação política dos estudantes e também dos professores.


A exigência dos prazos "normais" para entrega de trabalhos e avaliações em
geral, nos parece além disso autoritária e contraditória à teoria
apresentada em sala de aula. O descumprimento individual de decisões
coletivas tomadas em instâncias legítimas de expressão de ideias e
organização, é a aceitação tácita da política autoritária que almeja o total
esvaziamento dessas mesmas instâncias, e a perda de sua legitimidade. Mas,
pior que isso, em nome de uma suposta "liberdade individual", utiliza
autoritariamente seu poder institucional conferido pela hierarquia,
prejudicando os alunos que levam a sério seu direito à expressão e
organização coletivas. Numa palavra, exercem retaliação acadêmica contra os
estudantes que lutam, democraticamente, em favor da manutenção de direitos
democráticos.


Por tudo isso, pedimos que TODOS os professores favoráveis ao movimento
suspendam TODAS as atividades estranhas à greve, para si e para seus alunos.
O espaço para expressão da opinião dos alunos da sua classe está garantido
na assembleia - e é lá que devemos orientá-los a atuar.
Pedimos, assim, um posicionamento claro por parte de vocês, nossos
professores, no tocante aos pontos levantados.


Desde já, agradecemos a atenção.


O Centro Acadêmico dispõe de um site www.cappf.org.br, e gostaríamos de
disponibilizar no mesmo a resposta dessa carta por parte do corpo docente da
Faculdade de Educação.


Cordialmente,

Centro Acadêmico Professor Paulo Freire.


--
CAPPF - Centro Acadêmico Professor Paulo Freire

Telefone: 11-3091-3293
Site: www.cappf.org.br

sexta-feira, 19 de junho de 2009

CONFIRMADA atividade desta segunda, dia 22

Pessoal,

Escrevo para confirmar nossa atividade de segunda-feira, dia 22, com a professora Belmira Bueno, sobre educação à distância.

A maioria dos/as alunos/as se posicionou a favor e o pessoal que está envolvido com a greve avaliou que seria bom fazermos a atividade enquanto parte do calendário da mobilização.

Então, nos vemos às 19h30 no auditório da FE-USP.

Um abraço e até lá.
Michelle

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Prova do curso Mídia e Educação

Prezados/as alunos/as

A pedido da professora Graça, disponibilizamos abaixo a questão que deve respondida e entregue até o dia 6 de julho para a avaliação final do curso Mídia e Educação.

A prova deve ser entregue no mesmo sistema dos fichamentos, em sala de aula.
Caso estejamos até o dia 6 em greve, daremos notícias sobre outras possibilidades.

Um abraço
Michelle

No nosso curso, estudamos a mídia como matriz de cultura e instituição socializadora na contemporaneidade. Como você pensava a(s) mídia(s) antes do curso e como pensa depois de nossas aulas? As discussões em sala, leituras e palestras provocaram alguma mudança no seu raciocínio em relação aos meios de comunicação e à compreensão do fenômeno das mídias na atualidade? Que mudança foi esta? Comente.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Posição da Congregação da FE-USP

Caros/as alunos/as,

Compartilhando...

Abs
Michelle

Prezadas Senhoras e Prezados Senhores, a pedido da Direção
encaminhamos o documento referente a posição da Congregação diante da
gravidade dos acontecimentos ocorridos no campus da USP na tarde de
09/06.
O documento foi aprovado por unanimidade (20 votos).
Atenciosamente.
Secretaria da Direção.


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"Posição da Congregação da Faculdade de Educação da USP
Diante da gravidade dos acontecimentos ocorridos no campus da USP na
tarde de 09/06/2009, a Congregação da FEUSP, reunida em 15/06/2009,
vem a público manifestar o que segue:
1. A presença da força policial no campus da USP não se coaduna, sob
qualquer pretexto, com as características do ambiente acadêmico e sua
retirada imediata é absolutamente imprescindível.
2. Não podemos aceitar passivamente que atos violentos instalem-se em
um espaço constituído para o pensamento e a reflexão. É preciso
encontrar formas de reabrir o diálogo e reinstalar a confiança na
palavra, de modo a permitir que os meios próprios para a solução de
conflitos universitários prevaleçam sobre a força bruta.
3. Considerando que é responsabilidade de todos nós, professores,
alunos e funcionários da USP, encontrar meios de afastar todas as
formas de violência no campus, para preservar a Universidade como um
espaço plural e democrático, de geração e partilha do saber, sugerimos
a constituição de uma comissão, formada por professores da USP, com
autoridade reconhecida pelas partes envolvidas, para mediar o presente
conflito e encaminhar, em regime de urgência, propostas de soluções
para as questões cruciais. Professora Doutora Sonia Teresinha de Sousa
Penin. Presidente da Congregação da Faculdade de Educação da USP. S.
Paulo, 15/06/2009.(original assinado)"

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Carta da professora Graça aos alunos do curso

Caros alunos

Escrevo essa breve carta no sentido de manifestar minha posição a respeito dos últimos acontecimentos no interior do movimento de greve na USP.

Considero importante assinalar que ainda que haja reivindicações e pautas distintas entre os três setores ativos da universidade – alunos, funcionários e professores – é necessário apontar um aspecto que agora une todos nós. Trata-se da urgência da retomada das discussões a partir do entendimento sério, democrático e respeitoso do diálogo.

Neste sentido, a permanência das forças policiais no campus da USP deve ser repudiada, pois greve não é caso de polícia nem baderna. É um direito de todos enquanto trabalhadores e cidadãos. Sabemos que outros mecanismos e estratégias de negociação baseados nos direitos e deveres entre os interessados devem ser usados. Uma negociação com uma arma em nossa mira não seria democrático.

Vários relatos confirmam que muitos de nossos conhecidos foram agredidos, mesmo que um grupo de professores, alunos e funcionários tenha se esforçado no sentido de pedir calma e menos truculência aos policiais no dia 09 de junho.

São lamentáveis estes episódios em que a força e o poder das idéias trabalham contra o esclarecimento e alimentem o desconhecimento de um trabalho ardiloso de por fim ao direito de negociação. Os tempos estão mudando e nem no interior da universidade estamos conseguindo abrir espaço para discussão. Seria o fim da universidade pública, autônoma e de excelência acadêmica? Creio, com pesar, que mais do que uma pergunta de retórica esta pode ser uma hipótese que vem se confirmando com um conjunto de projetos e decisões tomadas por apenas um grupo reduzido de dirigentes que interferem na nossa prática docente e discente. Por exemplo, a carreira docente e a UNIVESP para a profissionalização de professores para a educação básica.

Vemos, simultaneamente, um desgaste, uma descrença nos movimentos coletivos, um grande desconhecimento dos motivos da insatisfação entre nós, informações desencontradas e toda sorte de problemas ao se construir um espaço democrático.

Posto isto, na tentativa de colaborar com o diálogo bem como uma alternativa a mais de circulação de idéias, proponho fazer deste espaço – nosso blog - um veículo de trocas de notícias sobre os acontecimentos, a fim de estabelecer debates entre nós e a comunidade fora da USP.

Não abdiquemos de explicar aos nossos familiares os motivos que nos levam a esta paralisação. Mandem e-mails contanto fatos ou enviando fotos que estimulem a franca posição para a negociação.

Bom, trabalho para todos.

Graça

15 de junho de 2009.

Não haverá aula hoje

Atenção alunos/as do curso Mídia e Educação

Não haverá aula hoje, pois segue a greve de alunos, funcionários e professores na USP.
Em breve, postaremos aqui uma carta do grupo em repúdio à repressão no campus.

Sugerimos que visitem os seguintes sites para se manterem informados/as sobre a situação da greve e as atividades previstas:

http://www.cappf.org.br/tiki-index.php
http://www.adusp.org.br/

Fichamentos

Eu e a professora Graça estaremos na FE-USP hoje a partir das 17h. Receberemos - no escaninho dela ou na sala 223 - os fichamentos relativos aos textos da última aula (do seminário da Lisandra sobre Orozco e Barbero). Os demais fichamentos atrasados não serão corrigidos. Podem ser entregues, e serão considerados, mas não daremos um retorno em relação a eles.

Um abraço e boa semana!

CARTA ABERTA DE REPÚDIO À AÇÃO DA POLÍCIA MILITAR NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, EM 09 DE JUNHO DE 2009

CARTA ABERTA DE REPÚDIO À AÇÃO DA POLÍCIA MILITAR NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, EM 09 DE JUNHO DE 2009

Nós, professores da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, manifestamos veemente repúdio aos atos violentos da Polícia Militar no interior do campus da USP, ocorridos em nove de junho de 2009.


Tais atos, além de atingirem alunos, docentes e funcionários desta e de outras universidades, colocaram em risco a segurança e a integridade física e psicológica de nossos alunos – crianças e adolescentes com idade entre cinco e dezessete anos.

Ao solicitar a ação da Polícia Militar, a Reitoria evidenciou desconsiderar a existência de uma escola de educação básica que pertence à própria universidade e, como tal, está sob a sua responsabilidade.
A escola encontrava-se em funcionamento na ocasião dos confrontos, que aconteceram no momento da saída dos alunos, em frente à Faculdade de Educação, o que provocou INSEGURANÇA entre aqueles que ainda estavam na escola, e PÂNICO por parte dos pais e familiares que desconheciam como estavam seus filhos
Além disso, várias crianças e adolescentes, que haviam participado de atividades no período da tarde, foram expostos ao confronto direto e aos efeitos das bombas, gases, balas de borracha e à truculência da Polícia Militar.
A suposta defesa do patrimônio físico não justifica essas ações que, na verdade, demonstram a recusa ao diálogo como meio de resolução de conflitos e apontam para a destruição dos princípios de uma sociedade democrática, pelos quais lutam aqueles que atuam nesta universidade.
É triste que as comemorações dos 75 anos desta universidade, em curso neste ano, sejam marcadas por fatos que remontam a períodos autoritários e repressores da história do nosso país.

Professores da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Próximos passos do curso, prova e fichamentos

Prezados/as alunos/as,

Informamos os próximos passos previstos para o curso.

Peço a gentileza de lerem com atenção todas as informações deste post, pois aqui estão todas as questões que têm sido enviadas por e-mail para mim e para a professora Graça.

Dia 15: Caso a paralisação siga, não haverá aula. Em caso de haver aula, faremos uma amarração, debatendo também as questões relativas aos textos de cibercultura. A leitura recomendada são os textos de Lemos e Levy e o capítulo do livro da professora Graça, postado abaixo.

Dia 22: Palestra confirmada da professora Belmira Bueno, sobre Educação à Distância. Às 19h30 no auditório. A leitura recomendada são os textos que enviei por e-mail e os que estão no xerox.

Dia 29: Aula de amarração do curso, retomando o percurso temático de todas as aulas.

Dia 6: Aula de reposição, encerramento do curso e PRAZO DE ENTREGA DA PROVA FINAL (vejam informações abaixo).

Sobre a prova da disciplina
A prova será feita em casa por vocês. A professora passará a questão nos próximos dias e a questão será postada no blog. O prazo para entrega da prova será a aula do dia 6, quando teremos o encerramento do curso e as amarrações finais.

Prazo para entrega de fichamentos atrasados
O prazo expirou na última semana. Não serão abertas exceções. Daremos o retorno em relação aos fichamentos já entregues na próxima aula. Os fichamentos relativos à aula sobre cibercultura foram cancelados. Não precisam ser feitos, assim como os relativos à palestra da professora Belmira Bueno.

domingo, 7 de junho de 2009

ATENÇÃO! CANCELADA a palestra do Prof. Andre Lemos

Pessoal,

Devido a um problema de comunicação relacionado ao convite ao professor Andre Lemos, a palestra sobre Cibercultura, que seria realizada amanhã, dia 08/05, está cancelada.

O convite havia sido feito por nós, do Grupo Práticas de Socialização Conteporâneas, e operacionalizado pela Secretaria de pós-graduação da FE-USP. No entanto, tivemos um problema de última hora que nos impossibilita de confirmar o encontro.

Havíamos pensado em fazê-lo como atividade de greve, mas sendo ele cancelado, NÃO HAVERÁ AULA, em função da paralisação.

Eu e a professora Graça estaremos na FE-USP, caso queiram tirar dúvidas ou conversar conosco.

Lamentamos e agradecemos a compreensão de todos/as pelo cancelamento tão próximo à data de realização do evento.

Sabemos que algumas pessoas se deslocam por horas para chegar até a aula e que algumas não possuem acesso à rede diariamente e não verão o aviso. Por isso, pedimos àqueles/as que tenham visto ou recebido este, que informem aos colegas de turma, para que haja o menor número possível de imprevistos relacionados ao cancelamento.

Um abraço e obrigada
Michelle

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Palestra de Andre Lemos dia 8 será atividade de greve

Pessoal,

A palestra do professor Andre Lemos, prevista para o próximo dia 8 às 19h30, está mantida e nossa intenção é realizá-la como atividade de greve. Antes do começo da atividade, faremos um informe da paralisação. Inclusive, aqueles/as alunos/as que estão mais envolvidos com as mobilizações estão convidados/as a colocar as principais questões que estão em pauta para o público do encontro.

Vejam abaixo a mensagem da professora Graça sobre isso.


Apoio a paralização pois penso que a situação da universidade vem piorando a cada dia que passa. Excesso de trabalho, poucas recompensas e, sobretudo, um descaso das políticas da reitoria e de nosso governador. No entanto, este evento está no calendário há muito tempo. Não tenho como abrir mão desta palestra pois o Prof. vem de fora e isto implica compra de passagens, estadia etc. Dinheiro público que não pode ser desperdiçado.

Podemos, como farei, colocar esta palestra como uma atividade de greve. Faríamos uma breve menção sobre o movimento de paralização, lembrando os principais acontecimentos que desencadearam a manifestação das três entidades que compõem a USP ( alunos, funcinários e professores). Mas não podemos cancelar o encontro.

Avaliação será com consulta

Turma,

Algumas pessoas me perguntaram sobre a avaliação da disciplina Mídia e Educação.
Ela poderá ser feita com consulta.
Na próxima semana, outras dúvidas poderão ser esclarecidas presencialmente.

Um abraço

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fichamentos "Cibercultura"

Atenção, pessoal

Das leituras especificadas no 'post' anterior, referente a aula-palestra sobre cibercultura, vocês devem escolher UMA delas para o fichamento.

Um abraço!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Seminário de hoje

Pessoal,

Segue abaixo texto referente ao seminário que Lisandra irá apresnetar na aula de hoje.

Um abraço!
Michelle

Sujeitos e instituições; recepção e mediação: análises com base nos textos de Guillermo Orozco e Robert White

Lisandra Ogg Gomes


“Tudo aquilo que se recebe é recebido ao modo do receptor”.
Tomás de Aquino

“Falar não é repetir as mesmas palavras que nos chegam aos ouvidos, mas... é proferir outras a propósito daquelas”.
Géraud de Cordemoy

As frases citadas acima possibilitam uma aproximação com os propósitos dos textos de Guillermo Orozco (1997 e 1998) e Robert A. White (1998a e 1998b). O mérito de ambos os autores é colocar os sujeitos no centro das discussões a respeito da educação e da mídia. Nesse sentido, os artigos advertem que os sujeitos têm suas histórias de vida, participam de diferentes grupos, atuam conforme o contexto e as circunstâncias das relações sociais. Sendo assim, as mediações estabelecidas entre os sujeitos, entre eles e diferentes grupos e instituições permitem que individual ou coletivamente sejam reproduzidas, difundidas e, principalmente, produzidas leituras plurais acerca daquilo que circula na mídia. Isso demonstra a complexidade do processo de comunicação, um processo que é composto por uma variedade de inter-relações que constroem os sentidos que circulam na sociedade. Esse olhar a partir do sujeito desconsidera as idéias de passividade diante da mídia e de linearidade na transmissão de informação, cada sujeito recebendo e percebendo as mensagens advindas da mídia a partir de suas próprias experiências. Isso implica que os sentidos se fazem e desfazem nas relações sociais e, portanto, que se trata de um processo que não, necessariamente, atingirá a intenção produzida pelos emissores.
Contudo, os autores não desqualificam nem a lógica da produção e da hegemonia nem a responsabilidade dos produtores midiáticos para com os consumidores. Além dessas relações, fazem-se presentes o consumo e a identidade de cada sujeito. São identidades construídas no jogo da alteridade. Solange Jobim e Souza (2005) dirá que “É com o olhar do outro que me comunico com o meu interior. Tudo o que diz respeito a mim chega a minha consciência por meio da palavra do outro, com sua entonação valorativa e emocional”. Dessa forma, os produtos, as representações, as práticas e discursos transcorrem na mídia, mas são os sujeitos que dão sentidos a elas, fazem suas escolhas e fazem-nas a partir das confrontações, negociações e interações vividas nos processos socializadores, relacionadas à sua cultura e às suas vontades subjetivas.
Sendo assim, não é possível partir de uma explicação apocalíptica e muito menos integrada para explicar a atuação da mídia na sociedade. O que se faz necessário é considerar o contexto, os usos e os sentidos dados pelos atores sociais às mensagens que podem ser orais, visuais, musicais ou audiovisuais. São diferentes modos de recepção que influem e modificam a compreensão que os sujeitos constroem acerca do mundo. São recepções que são mediadas por diferentes instâncias socializadoras. Na atualidade e segundo Guillermo Orozco, a escola não tem conseguido cumprir o projeto educativo que se propôs e, diante da sua deficiência, responsabiliza a mídia. Para Jesús Martin-Barbero (1996), o que está em crise é o modelo e os dispositivos de comunicação que causam rupturas entre gerações e conflitos entre culturas. Todavia, a escola escamoteia esses conflitos reduzindo-os a questões morais e traduzindo-os em um discurso de lamentações sobre a manipulação que a mídia faz da ingenuidade e curiosidade das crianças.
A escola precisa estar em compasso com aquilo que faz parte do mundo dos seus alunos. Entre as crianças há circulação, mediação e socialização daquilo que transcorre na mídia; no entanto, a escola não considera essa questão. Em geral, o que faz é achar que o que é transmitido pela mídia não é fonte de aprendizagem. Da mesma forma, minimiza a influência da fantasia e do discurso e usa seu poder – de instância legitimada pela sociedade para a transmissão do conhecimento – para desacreditar a cultura do aluno e validar a cultura erudita como se fosse a única vivente.
A escola ainda é o lugar de sistematização do conhecimento, mas não é mais o único lugar de formação. Diante de tantas negativas e diante da polifonia de linguagens e pluralidade de informações que transcorrem na sociedade, ela não consegue levar os sujeitos a refletirem criticamente sobre a realidade e tampouco consegue tecer um dialogo com eles. Dessa forma, o que os autores propõem é uma educação para as mídias na qual a escola tenha clareza a respeito de seus objetivos e possibilite instrumentos para que as crianças pensem sobre seus consumos midiáticos.


Análises e Comparações entre os textos de Guillermo Orozco e Robert White:

Objetivos:
Guillermo Orozco:
– analisa a importância de uma educação para os meios de comunicação de massa;
– avalia o papel da escola e dos professores frente às novas tecnologias, em particular a TV;
– aponta os desafios e os estereótipos em relação aos meios;
– propõe que os professores sejam os mediadores entre alunos e meios de comunicação.

Robert White:
– analisa o processo de comunicação composto por uma multiplicidade de inter–relações que constituem significados e que circulam na sociedade;
– nega a idéia de linearidade na transmissão de informação;
– busca compreender os processos comunicativos, as inter–relações entre emissor e receptor e as construções de sentidos pelos receptores.

Base Teórica:
Guillermo Orozco:
Processos de Recepção (América Latina)
– são processos complexos, portanto, não ocorrem e nem terminam apenas quando se têm acessos às mensagens transmitidas pelos meios. Ao contrário, os processos transcendem essas situações e estão presentes nas práticas cotidianas.

Robert White:
Estudos Culturais (Inglaterra)
– adotam como referência a antropologia;
– são análises que consideram as relações entre culturas, práticas dos sujeitos e estruturas do poder. Tanto os sujeitos quanto a mídia têm poder;
– consideram a diversidade cultural e dos movimentos políticos, a construção da identidade e as articulações entre o local e o global.

Método:
Guillermo Orozco:
– pesquisas etnográficas: pesquisar para intervir e propor práticas que transformem ou modifiquem as interações dos sujeitos com os meios de comunicação.

Robert White:
– pesquisas etnográficas: como as pessoas usam a mídia na sua vida cotidiana?

Sujeitos e objetos:
Guillermo Orozco:
– os sujeitos são ativos e mediadores.

Robert White:
– os sujeitos e a mídia são ativos

Educação e Comunicação:
Guillermo Orozco:
– usar os processos de recepção para entender, modificar e influenciar a educação das pessoas;
– a escola precisa buscar estratégias que ensinem as crianças a serem mais críticas e autônomas diante das mensagens dos meios;
– são os sujeitos que valorizam ou não as mensagens vindas dos meios de comunicação;
– os processos de aprendizagem e de comunicação são consolidados na recepção e não apenas na emissão.
– a escola tem suas especificidades, assim como os meios, mas ela precisa aprender a lidar com a pluralidade cultural.
– a educação para os meios exige vontade política, envolvimento docente e materiais.

Robert White:
– analisar os significados, as interações e as negociações a partir de grupos particulares.
– a educação deveria partir dos interesses cotidianos das pessoas levando–as a perceber que os textos são seletivamente construídos.
– as pessoas reorganizam aquilo que vêem na mídia a partir de seu contexto, das circunstâncias e da sua subjetividade.
– as interpretações, as mediações, as negociações e as identificações em relação às mensagens midiáticas são ações que permitem mudanças graduais na sociedade.

Bibliografia:
MARTIN-BARBERO, Jesús. “Heredando el futuro. Pensar la educación desde la comunicación”. Nómadas. Santafé de Bogotá: Fundación Universidad Central, nº. 5, set., 1996.
JOBIM e SOUZA, Solange (org.). Subjetividade em questão: a infância como crítica da cultura. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
OROZCO, Guillermo. “Professores e Meios de Comunicação: desafios e estereótipos”. Comunicação & Educação. São Paulo: ECA/USP/Moderna, nº. 10, 1997.
_____. “Uma pedagogia para os meios de comunicação”. Comunicação & Educação. São Paulo: ECA/USP/Moderna, nº. 12, maio/agosto, 1998.
WHITE, Robert. “Recepção: a abordagem dos estudos culturais”. Comunicação e Educação. São Paulo, ECA/USP, nº. 12; p. 57 a 76, maio/ago., 1998a.
_____. “Recepção: a abordagem dos estudos culturais”. Comunicação e Educação. São Paulo, ECA/USP, nº. 13; p. 41 a 66, set/dez., 1998a.